quarta-feira, 1 de abril de 2020

Poesia


Peço um poema
para expressar meus passos
sobre este planeta,
calço dos homens
e vida a crescer
  roseada e bela
de estéticas universais

Debruço-me a inventar
a estrutura mágica
d’onde epigrafar a estética
  da vida
e exponho apressada
as vísceras rodopiantes
  de minhas energias primas

Terei encontrado as estações
  d’onde elas vibram
no decompor das leis humanas?
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A história que ainda não escrevi
(E que não escreverei, por certo)
guardada intacta
na transface de mim
palpita inquieta
em impresenças continuadas
no meu rosto
que não é meu.

Invento a forma
e toda ela guarda
uma ressonância funda
de aléns
O que nela me convida e me congrualiza?
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 A imatéria quero trazer
              ao existível
que para ser forçoso é
executar-se por meio da matéria
neste poema
que a falseia embora,
que apenas excogita sombras
do desejo humano,
que apenas se compõe
em simulacro de um original
em perene por-fazer
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A poesia
  é a marca dos meus pés
à beira de mundos incriados,
entre orlas de trevas
  grito ao que não há:
mostra-me o intervalo,
o nulo espaço do teu salto ao que há!
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o fogo transmigrador
  crepita e treme
no inespacial vórtice
  em que centelhas
são as sentenças
  virtuais da existência.
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Desde a centelha inicial
estala a febre
              do ato adâmico
no sopro e na maçã articulada:
              comei
neste fruto a vossa consciência,
              bebei
neste sopro o som articulador
              do mundo.

E sossegai
  vossos vórtices convulsos
na materialidade organizada,
  espacial e dada
no sopro da palavra:
  criai!

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