Lua acima do Fórum João
Mendes
Levita soberana sobre a
cidade
Como moeda antiga exibe
esfinge
dourado disco entre as
relíquias do céu
A tarde
vai se vestindo nos véus
da noite
No meio tom entre luz e
trevas
a Lua suspende sua
alegoria
olha a praça olha os
homens
olha o seu rio revolto
Os carros zurram ferozes
os homens se amontoam
a fumaça sobe
as árvores desfolhadas
esgalham-se em desespero
e o mais é um entardecimento
em vestimentas noturnas
A Lua em indiferença de
Lua
parece dizer do seu leito
no céu
— que inferno é esse a
executar-se lá embaixo?
pobres ridículos esses
que tumultuam assim a tarde
Dá maior lume à sua cara
de moeda
e volta a luminar o reino
dos céus
Vilma Silva