terça-feira, 16 de março de 2021

Lantejoula


beberei na luz do meu olhar estrelas

no alto céu haverei meu ardor queimar

e dos meus olhos o fogo há de fazê-las

tocha acesa tantas quantas par em par

 

meu luzir acenderei na luz-cetim

e do meu olhar fluirão azuis centelhas...

Eis!... a noite já acende em seu jardim

o meu lume lantejoula entre as estrelas

 

o azulejo em meu olhar recusa entraves

e a hora leve e silente a mim revela

o velame fluorescente em minha nave

 

estou no infinito estar de minhas velas

a noite e seu lume breu é minha chave

Lantejoulas lume vivo a vida vela

 

Vima Silva

Consonância


nenhuma divindade a mim entrave

o enlace das palavras som adentro

meu dom revela a aberta e bela nave

que dentro em mim deslinda e enfrenta o vento

 

ando a perfeita lavra em que me adentro

entre símbolos, forma, traço e enlaço

e a figura ficta que em mim invento

me leva pela mão e em som me faço

                                      

veloz o dom me sopra o som atento

e o verbo me conduz em sua nave

adorno que me prende em seu regaço

 

Não há laço que a mim o passo trave

Conjugo o som e juro em sacramento

E a palavra me enlaça em seu compasso

 

Vilma Silva

A Fonte

 

A Fonte

 

Exala a fonte o ardor rastilho que me invade

germina ao pôr do sol o estame em que rastreio

o fogo a hora a paz no aboio da saudade

visagem espectral a vestígios de anseios

 

Alarga além o estar agora em consonância

retarda o pôr do sol e a tarde se demora

o sonâmbulo eu a orla empurra e avança

nesse ardoroso dom o largo mar me ancora

 

A sua lei me impõe entrar na seiva dentro.

E a transbordar, o ardor adensa e a hora é mansa

apuro então o som que ouço e me concentro

nas formas que adornei na minha tez criança

 

            A leiva em seu vigor, o sema em paz descansa:

            no estame me criei nas pétalas adentro

 

 

Vilma Silva