quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

sábado, 2 de novembro de 2019

PRETÉRITO presente?... PENSAMENTO em ação?






Adormeceu dentro de mim o que sou num outrora
e desde então é sombra: por inidentificável...
                                                              
Neste agora já não sendo porém presença longínqua
neste agora ainda ser no seu anúncio em sombra
dia-noite: vulto inconjugável.

O que fui e já não sou e que sendo me inventa
sou outrora?
O que em mim tornou-se sombra
neste entrançamento de tempo espaço?

Memória... rastro, fantasma...
A sombra é representação que fruo...
O outrora decomposto, já não sou:

Foi-se o ser:
A sombra é apenas forma.


Vilma Silva




sábado, 12 de outubro de 2019

HAICAI







Urra o vento e uiva
Folhas giram à deriva
Esbraveja a chuva


*** 
Vilma Silva

O Fato



O Fato

o fato é que falta 
                        o fato
traz o fato


            falto é o fato
            atrás do fato

falta é o fato
e fato é fato
e falo que falta
o fato

             falto é o fato
             atrás do fato


é fato que falta
                    o fato
é que falta
             o fato


             o fato é que
             a falta do fato
             é o fato


***
Vilma Silva


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Tristeza dos Tristes



tristeza

pendurada no mundo a tanta tristeza
tanta tristeza pendurada no mundo...

se eu curasse a tristeza dos tristes
eu me curava da minha tristeza

o contrário atravessou e disse:
se te curasses da tua tristeza
curavas a tristeza dos tristes


Vilma Silva

Ouço as acácias






ouço as acácias no cerne do seu caule
na borda do meu nariz as cerejeiras abrem flores
e dos umbrais dos meus olhos deságua
o bordado do tempo entre minhas mãos

caminhos entre beiras ocidentais em um céu morno
os séculos passam e me enlaçam os ermos,
escurecem os sois enquanto os meus anseios
desabam em precipícios acesos dentro

antro de horas noturnas que soluçam
entre poções de ausência e abandono
os fogos inextinguíveis de minha espera,
chamas acesas que meus desertos queimam


***
Vilma Silva

Ora, pois



Ora pois,

em curvas e sinuosidades
na tela do meu olhar desenha-se o mundo:
de onde vem a lei e o fundo
o intrínseco ardor do que detrás metades
lhe faz cor, odor, sabor e som rotundo?


Ora, pois
meu trajeto cego
espectros do verbo o cetro,
imóveis decretos
tecem fios e rios disjuntos:
flui de meus olhos incertos
o desenho móbil do mundo.

---


Vilma Silva

Papiro






Papiro

cenário que desfolha horas
o corpo transitivo
tece signos na memória celular
                         
transeunte a andar-me ao verso
escrevo em secreto hieróglifos seculares:

as muitas eras gráficas e ágrafas
olham-me de teus olhos fúlgidos

papiro sem data,
esse tear atemporal e inespacial
tinge os espaços vazios do meu pensar:

livro que em teu rosto fulge



Vilma Silva

Tua ausência




Tua ausência

Ausente, tua presença viaja
na esfera do meu céu
como o Sol que emerge do leste
imerge no oeste
reemerge em Lua na noite vinda,

o não-tempo
no fundo  escuro cósmico,
extrato de toda sorte humana
pintura que registra o passar das horas.


Vilma Silva




Peso




Peso


meu coração estala pela casa
por aquele a quem a dor suspende
preso no pêndulo  do acaso

entre paredes o aço
retalha aquele quem oscila
penso no fio do ocaso

o aço
punhal em minha pele
me corta a pele o aço

---
Vilma Silva


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Algaravia





Algaravia


Deuses e Diabos
proseiam em meu corpo
entre dobraduras ao
dentro infindo
novelo
intra

                                                  dobras
proseiam...........diabos
deuses         insignes
indo       enfim
labirinto
infindo
intra
in
.
.
.
                    

        
Vilma Silva

Soneto 3x6




SONETO 3x6

quando o amor me acolher estarei pronta para as noites de outubro
lá verei a manhã na transparência de me olhar teus olhos gris
ávidos de enlear a minha escura lua de outono no rubro
sol da minha primeira idade após a primavera em que me fiz

agente só de mim, a sorte fez o que vigente sei por fim
sei que não sei o quê me esconde a lei e afinal me deserta a vez
de ser o que em curvas se desdobre para além do estar em mim
e ver nos olhos meus a luz estender na manhã a fluidez

que águas outonais inundam meu olhar em ardor de estopim?
apenas sou adorno de cristais ante a fonte que a mais me fez
clarão vertido ao som das muitas eras em que a teu descanso vim

chamo aquele que trouxe sobre a esfera do mundo o sol e a fluidez
e o céu que sobre mim pendura luzes de seda e me apõe a vez
no domo dos meus olhos que expande e grita o abrigo afinal em mim. 


Vilma Silva