sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

VIA-LÁCTEA

 
jazida de ouro na tarde
                                         O céu
nas íris reluzentes                                 
tomba olhos                    Sobre mim
                                                  
no entorno grava
o sol aura                                  
ouro pendular                   Dourado lírio
a me olhar
   
tremula o delírio
entre minhas pálpebras
lírio dourado                    Me veste
                     
invento olhos ao quando
revertido em noite
ergo-me em passeio
                                         Cósmico
 
o olhar se infiltra em solar
                                         De escuridões
esse tecido de ausentes luzes
é irmão do abismo
 
tons jasmins
                                         Nas sombras                  
gravam minha íris    
minhas flores vestem
a cor                                 Da noite


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                Vilma Silva

domingo, 11 de dezembro de 2016

Lavoura arcaica



Dedos cardam a relva tanto quanto
O arado escava leivas e abre vãos
A erva má rastelam noutro tanto
As mãos, pá que semeia e cinge o grão

Ignoto instante engendra o enlace e o voo
Na flor que medra em broto o puro alvor
Da seiva que o fruto o haver botão cevou
O encanto e a flor, o sumo fulvo e a cor

Matriz do corpo a terra também lavra
Se a mão lança, a semente gera e tece
Elos que se enlaçam como a palavra

Teia que anela enfim a mesma messe:
A loura leiva a seiva e seu olor
Seda e pérola horto e campo em flor

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Inciência

Eu não sei o que sou
e sei o que sou sem saber o que sou
A vida por fora não é a vida por dentro
¾ Vivo evolada no irreconhecível

O rosto do homem não é o rosto
do homem interior
É outra coisa que não sei ver
E assim mesmo no rosto do homem
recende o homem de dentro.

Enovela em sombras essa geometria que traça
linhas invisíveis no após a pele. Não sei o que é
o dentro
E o fora não é o que é


Vilma Silva

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Teluricidade

                 Eu Terra: me cavalgo no mar astral

esfericidade vogante no
eu a rondar-me a esfera
Uno e Verso vogar
avocar

nem verso nem anverso
Arco oriental Arco ocidental
terramar maternuvial mater
azul verde-anil aluvial:

cauda de cavalo a equadoroeste
cabeça de dragão a equadorleste
Vestal celeste, o Sol
                no azul me luminesce