segunda-feira, 2 de julho de 2018

Verbo

Em fronhas de breus ando a nascitura
Voz entre abas escuras, dobras várias
Onde forjo arpejos, lume que apura
O deus do sopro que me fez seara:

Sou terra antes de me fazer homem
Depois do sopro sou verbo e fonte
Soma da voz e seu adnome
E o lume a mais que se me defronte.

Nada não há em mim senão o arconte
E o facho fugaz na voragem onde
O mundo nasce e morre a todo instante:

Fogo nascituro afinal a fonte
Sopro de vozes no corpo sonante
Fulgor que morre e nasce a todo instante


Vilma Silva


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Tecelagem




Holocausto aos deuses teço,
formulação minha imperiosa
num existir de cor prata.

É meu sacrifício
desfiar do tempo
o instante
fio a fio seu rosário

dobre de sinos
dentro em mim
enclausuro a hora


***

Cato.
Dentro de meus olhos
a humanidade grita
entre as pálpebras escorre
inunda cílios e cirros

Cavo
as extensões com que o mundo é,
o cósmico do instante
em que todos os instantes são.



Vilma Silva

domingo, 14 de janeiro de 2018

Conversa passante

---
passante
a cidade anda em nossos olhos


Os nossos olhos dentro é que andam a cidade
|
|
|
a arquitetura antiga e bela passa ao lado
nos olha escondida
haveres outros
ao largo
revés

circunspecta a arquetípica textura da beleza
variada e concentrada emerge
convicta calma bela
a beleza anda
atrás...

☺..............................................