quarta-feira, 1 de abril de 2020

Imersão


I
não mais a deambulação vã de tempos perdidos,
hoje sou o regresso ao luar do meu céu,
a minha corte ergue-se em meio às marés,
viaja águas anciãs das muitas eras.

Meus cabelos brancos assistem ao ir
das águas que não cessam,
aos ventos tempestuosos,
às lonjuras acumuladas dos mares.

Vou adentrado na anciãenadade atemporal
dos rios que em si mesmos navegam.


II
navio e águas se navegam
num só corpo espécie que sou.

Rasgo com meu olhar avesso
os ventos tempestuosos,
meu chão é nenhum,
sou das águas e dos ventos.

Os ares suspensos entreabro,
acaricio com pés felinos o chão onde piso,
cheiro o pó, tateio o vazio que me rodeia
e o preencho com o que sou de mim.




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