quarta-feira, 1 de abril de 2020

Poema ao cavaleiro da minha figura




Ouço-te falar-me de trás das portas:
Silêncios, balbucios, delírios vão...
Nave de vozes das horas já mortas
Gravura na moldura da minha mão

Ando tuas orlas e os olhos tombas
De suspensas aras me olham teus ermos
Adentro teus breus floresta de sombras
E me navego em teus rios extremos:

Sou-te, anjo negro, de tuas horas
Só ao pé de tua chama indistinta
Bebi tua dor dobrada ao avesso:

Doble de velames da nau extinta
Lume presente de ausentes auroras
Línguas de fogo viço que entreteço.

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