sábado, 11 de março de 2017

Vida secreta de um lúcido insano

Vida secreta de um lúcido insano


Desliza por entre os dedos o mundo
Sou ampulheta
Sei em que ponto estamos da apoteose material
A nossa evolução fatal não nos deve assustar

O mar: palavra audível da extensão
O cosmo: palavra inaudível da vastidão
Sou lá

Bebo a vida e fico bêbado
A multidão dentro de nós
estamos comigo nesse isolado eus estamos
A vida bebo e fico bêbado



Vida secreta de um lúcido insano II

Mataram a beleza
Em algum lugar de mim estou moribundo
Ozíris despedaçado
Pedaços de mim voam ao vento
Morro de manhã e nasço ao anoitecer

quero o quê
A palavra impronunciável
Meu espírito chora nas noites
De tanto olhar estrelas e galáxias
Lá eu quero tocar
Sou lá.

O meu conceito de beleza?
Sou lá

Risíveis receitas torpes de ser
Não me peçam feituras de vida
Meu receituário está nos pergaminhos
eu me adentro
Lá onde mora o impronunciável feito:
eu mesmo no ato mesmo de estar sendo

O olhar de dentro vê a humanidade toda
Somos eus no todos nós
O todo nós somos eus
Multiplicado eu no espelho do tempo
viagem adentro galaxial
Sou aqui

Peço um riso concordância para o sou aqui
Alistem-se quantos queiram sou lá
multiplicado eu no espelho do tempo
O vasto império da nossa força:

O meu conceito de beleza?
Sou lá aqui




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