Vida secreta de um lúcido insano
Desliza por entre os dedos o mundo
Sou ampulheta
Sei em que ponto estamos da apoteose material
A nossa evolução fatal não nos deve assustar
O mar: palavra audível da extensão
O cosmo: palavra inaudível da vastidão
Sou lá
Bebo a vida e fico bêbado
A multidão dentro de nós
estamos comigo nesse isolado eus estamos
Vida secreta de um lúcido insano II
Mataram
a beleza
Em
algum lugar de mim estou moribundo
Ozíris
despedaçado
Pedaços
de mim voam ao vento
Morro
de manhã e nasço ao anoitecer
quero
o quê
A
palavra impronunciável
Meu
espírito chora nas noites
De
tanto olhar estrelas e galáxias
Lá
eu quero tocar
Sou
lá.
O
meu conceito de beleza?
Sou
lá
Risíveis
receitas torpes de ser
Não
me peçam feituras de vida
Meu
receituário está nos pergaminhos
eu
me adentro
Lá
onde mora o impronunciável feito:
eu
mesmo no ato mesmo de estar sendo
O
olhar de dentro vê a humanidade toda
Somos
eus no todos nós
O
todo nós somos eus
Multiplicado
eu no espelho do tempo
viagem
adentro galaxial
Sou
aqui
Peço
um riso concordância para o sou aqui
Alistem-se
quantos queiram sou lá
multiplicado
eu no espelho do tempo
O
vasto império da nossa força:
O
meu conceito de beleza?
Sou
lá aqui
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