a fábula da fábula
escrita nos teus dentes...
indecorosos de lascívia
teus
olhos
exalam a poesia fervente de tuas
veias –
entro na fundura da noite a
branca noite adentro
matas que atravessei...
teu rosto na distância infinita
ascende no céu da minha noite
pulsa rente à minha pele
entro na paisagem de nós
andamos pelas vias do mundo
ancestral
colho em teus troncos maçãs e uvas
a água que brota do não-tempo
sou tela de céu embebida
no sumo das uvas,
na popa das maçãs
a paisagem
vertigem de teu corpo
no
meu
cheiro e sabores vinhos uvas
maçãs
escorro em sumos na tua boca
súmula do grande mar vamos
cavalgantes sobre águas
cores e traços riscam a tela do
tempo
vamos alados
sumimos
transfundidos na paisagem
feita de cores e traços na tela
do tempo
a floresta abre alas:
da tua boca nascem mundos
figuras desenham em mim
o céu que se abre entre meus
dedos
teu silêncio grita cheiros
aromas de deuses, hálitos
alcoólicos
e mais os sons que teus olhos
ecoam
em mim tua voz
atirada dentro minha boca de
silêncio
o silêncio das chamas,
me chamas
teus ecos ressoam tochas
embebidas no fogo das vestais.
****
sou
a que mapeia teu corpo
tua derramada pele
imprimida na minha
estampa tatuada sobre
minhas sedas e cetins
dos meus olhos o fogo
despeja semeaduras no silêncio
e me dobro vertical sobre o
mundo
abraço-te oceânica e me afogo...
me debruço sobre o amanhecer
teu vaso adentra minha água
os cetins fecundam minhas veias
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