segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Clariluminâncias

 

nas águas do Letes Eu dançava auroras
dobre de sinos adentro A móbile alma a voar
o caminho das águas Sob minhas pálpebras
 
meu Amor se expandia Fluía da íris em fogo
desses olhos azuis-safira Da criança que fui
agora Sozinha e Muda no meu reino infuso
 
nas histórias que ouvi Meus olhos viram
sonhos do azul Essa poesia Fervente que grita
mundos em que me estico para Além do existir
 
***
meus pés pisam em Seu próprio andar
a me carregar nesse transbordo do Sentir
sob janelas que me olham Palpitantes de medo
 
esse apunhalar das horas à Beira do existir
para mundos outros que Desconheço
o Medo do Ser o Medo do Ser o Medo do Ser
 
o insuportável Sentir que chega à beira
nesse olhar Dentro a ver o infinito se desdobrar
como bolhas umas sobre Outras e Outras sob e
 
 
***
ao contrário do Tempo
esse meu olhar virado para Dentro
 
atravessa as pálpebras fechadas para Lá
da Insubsistência do mundo nessa fadiga
de viver mais e mais horas que Andam 
 
a vida tanta a correr no Escuro das veias
e as horas a vigiarem meus Espelhos!
que faço nesse mundo de Faltar?
 
vivo a transitar o não-sei que sei a Olhar
à borda da existência o Núcleo do sentir
lâminas refletoras a me Exigirem –
 
esse tanto mundo me Empurra a escrever
o que não sei o que não conheço o Quê
Em clariluminâncias escorre de Lugar-Nenhum

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Vilma Silva
 

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