domingo, 11 de dezembro de 2016

Lavoura arcaica



Dedos cardam a relva tanto quanto
O arado escava leivas e abre vãos
A erva má rastelam noutro tanto
As mãos, pá que semeia e cinge o grão

Ignoto instante engendra o enlace e o voo
Na flor que medra em broto o puro alvor
Da seiva que o fruto o haver botão cevou
O encanto e a flor, o sumo fulvo e a cor

Matriz do corpo a terra também lavra
Se a mão lança, a semente gera e tece
Elos que se enlaçam como a palavra

Teia que anela enfim a mesma messe:
A loura leiva a seiva e seu olor
Seda e pérola horto e campo em flor

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