sábado, 12 de novembro de 2016

Deserção

O fogo audaz do Amor ardor acende
Corre abraçar aquele quem o atiça,
Aberto estojo entrega-se inciente:
Desconhece o Amor haver sevícia...

A dor insiste, acossa e assombra ainda
O Amor que pertinaz resiste e fica:
Asa do amar que não sabe onde finda
O estojo que abriga essa joia rica...

Sobre o lume do Amor inda perfeito
O gume da frieza milícia encena
A dor exala olor de duplo efeito
Na dobra que difunde e expande a cena...

Exausto na agonia que o alucina
Seu manto azul retrai, embaça e mancha.
O Amor se veste enfim de musselina
E sobrepõe camada a mais de ensancha...

Adormecido envolto em gaze fina
No estojo encerra a flor de sua herança.



Nenhum comentário:

Postar um comentário