quinta-feira, 8 de julho de 2021

Passagem


Trota o cavalo alado nas alas do Sul
No oeste o abril se fez carmim e no aqui sou
Apenas asas caladas no aéreo azul
E já a hora declina e exaure o seu voo;
 
Triste hora que me esboça em mudo marfim:
Acena ao longe o eu que ainda não nasceu
Afogado chora o longo estado sem fim
Do ser que ainda não lavrou seu camafeu...
 
Por que chora esse eu o falto adorno seu
Se a beleza que traz sepulta em manto brim
No eu de ontem se faz hoje em outro eu?
 
Dança o cavalo alado sobre o manto brim
O novelo do tempo as asas estendeu
E a beleza dança cavalgando o sem-fim


                                                        
                                                        Vilma Silva

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